Nesta segunda-feira (28), no prestigiado Théâtre du Châtelet, em Paris, a Bola de Ouro 2024 premiou o melhor jogador da temporada 2023/2024, segundo os critérios estabelecidos pela revista France Football. Em um dos eventos mais aguardados do futebol mundial, as expectativas giravam em torno de Vinícius Júnior, estrela do Real Madrid e ícone do futebol brasileiro, amplamente reconhecido por aclamação popular como o melhor jogador da temporada. No entanto, a vitória foi para Rodri, do Manchester City, surpreendendo não apenas os fãs, mas o próprio clube merengue, que imediatamente se manifestou contra a decisão.
A ausência de Vinícius no pódio levantou questionamentos, não apenas sobre o julgamento técnico, mas sobre o impacto de sua postura fora de campo. A revista France Football, em sua escolha, parece ter levado em conta não apenas o desempenho esportivo, mas também o comportamento do jogador diante de episódios de racismo. Vinícius, que corajosamente denunciou os constantes ataques racistas que sofreu durante a temporada, foi visto por muitos como um exemplo de resistência. Entretanto, a revista indicou que o jogador teria sido prejudicado por sua postura ativa e vocal, categorizada como uma suposta falta de “fair play”.
O Real Madrid, insatisfeito com a decisão, cancelou qualquer participação futura em eventos relacionados à premiação, em uma posição de boicote clara. Em nota oficial, o clube criticou duramente a organização, afirmando que a premiação não respeita o clube. A resposta foi rápida e contundente, revelando o desconforto do time em relação a uma decisão que vai além do campo de jogo.
Este episódio nos convida a refletir sobre a integridade e a imparcialidade de prêmios como a Bola de Ouro. Ao analisar ambos os lados, deparamo-nos com uma questão crucial: de um lado, o jogador e seu clube, que se veem penalizados por lutar contra uma injustiça que transcende o esporte. Do outro, a organização da premiação, que ao não reconhecer o contexto de racismo enfrentado por Vinícius, parece validar o silêncio sobre questões sociais graves.
Tal postura levanta uma dúvida inquietante sobre a credibilidade de uma premiação que, mais uma vez, pode ter priorizado preferências midiáticas em detrimento do que o mérito esportivo. A decisão de ignorar a luta de Vinícius contra o racismo envia uma mensagem perigosa: quem se posiciona contra abusos, pode ser punido. Isso nos faz questionar se, em 2024, a France Football entende seu papel não apenas no reconhecimento técnico, mas também na responsabilidade social de amplificar vozes contra injustiças.
Ao final, fica o questionamento: será que a entidade deveria revisitar os princípios básicos da igualdade e da justiça, previstos na Carta Universal dos Direitos Humanos? Afinal, o esporte, em sua essência, não deveria apenas celebrar o talento, mas também ser um palco para a dignidade humana.