
O Assentamento Riacho das Ostras, localizado no município de Prado, Bahia, é um marco da história de luta pela terra no Brasil. Criado em 1987, o assentamento surgiu a partir do movimento iniciado no ano anterior, quando trabalhadores rurais, exaustos de condições de exploração, uniram-se ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Com coragem e determinação, esses homens e mulheres transformaram um sonho coletivo em realidade, formando o segundo assentamento da Bahia.



Uma História de Resistência
Na década de 1980, o Brasil vivia tempos difíceis para as populações rurais. Trabalhadores de fazendas e periferias buscaram no MST uma chance de mudar suas vidas. A área onde hoje está o Riacho das Ostras pertencia à empresa Sudene Brasil Olanda, dedicada à extração de madeira para exportação. Em 1987, lideranças como Valmir Assunção, Edivaldo, Pedro dos Anjos, Tosinho, Ananias, Edivaldo e Maria Soares, entre outros, organizaram a ocupação, resistindo a ataques e ameaças para assegurar o direito à terra.
Em 1987, a resistência foi coroada com a criação oficial do assentamento, que passou a ser uma referência para outros movimentos rurais na Bahia.
Produção e Sustentabilidade: Um Exemplo no Extremo Sul Baiano
Atualmente, o Riacho das Ostras é reconhecido como um dos assentamentos mais produtivos da região. De suas terras férteis, saem produtos essenciais para abastecer municípios como Prado e Itamaraju. Entre os itens cultivados, destacam-se:
- Farinha, feijão, milho, arroz, banana, coco, café e pimenta-do-reino.
- Produção de cachaça artesanal, que já foi destaque no mercado nacional.
Além disso, o assentamento tem grande influência da cultura capixaba, trazida por migrantes, que introduziram o cultivo de café e pimenta. Hoje, são mais de 2 milhões de pés de café e 500 mil pés de pimenta-do-reino, movimentando cerca de R$ 7 milhões anuais em vendas.



Desafios e Potencial
Apesar de todo o sucesso, o assentamento ainda enfrenta desafios, como a falta de apoio mais consistente do poder público. Segundo Derny, presidente do assentamento e sobrinho do deputado federal Valmir Assunção, o Riacho das Ostras poderia alcançar ainda mais com incentivos do governo municipal, estadual e federal. Ele lamenta, por exemplo, o abandono da produção de cachaça, que chegou a ser reconhecida em cidades como São Paulo, Salvador e Vitória da Conquista.
Outro potencial inexplorado é o uso da antiga fábrica de cachaça para a produção de etanol comunitário, que poderia beneficiar não só o Riacho das Ostras, mas também assentamentos vizinhos como Guaíra, Cumuruxatiba e 1º de Abril.
Agradecimento
Em seus agradecimentos e demonstração de gratidão, Derny destacou seu carinho e respeito pelos fundadores do assentamento e ao MST. Hoje, temos a honra de contar no assentamento com dois médicos formados fora do país pelo MST, Dr. Joseiton Santos e Dr. Diego, além dos dois engenheiros agrônomos Jenderson Sousa e Joseane Soares, ambos filhos deste assentamento. Derny também expressou seus agradecimentos aos amigos capixabas por sua contribuição. Ele reforçou a importância do apoio ao setor da agricultura familiar e ao desenvolvimento agrícola, essencial para que o assentamento continue a prosperar.
Legado e Futuro
O Riacho das Ostras não é apenas um exemplo de resistência, mas também um polo agrícola estratégico para o município de Prado. Com sua produção diversificada e história de luta, o assentamento simboliza a força do trabalho coletivo e a importância da reforma agrária no Brasil.


