#Luto: Morre Pedro dos Anjos, Propulsor da Política Territorial na Bahia

Nesta quarta-feira, 11 de dezembro de 2024, o Brasil perdeu um de seus mais dedicados articuladores sociais. Pedro dos Anjos, aos 72 anos, deixou um legado imenso na construção da política territorial no país, especialmente na Bahia. Pedro dos Anjos dedicou sua vida à política territorial, um trabalho que começou em 2003 com sua colaboração no Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais (PRONAT). Como coordenador do Colegiado Territorial do Território de Identidade do Extremo Sul da Bahia e membro do Conselho Estadual de Desenvolvimento Territorial (Cedeter), Pedro influenciou profundamente o desenvolvimento das regiões que tanto amava. Cláudio Peixoto, Secretário do Planejamento, expressou seu pesar: “É um dia de luto para todos que acreditam na participação social como forma de construir uma sociedade melhor. Registro meus profundos sentimentos aos familiares e amigos de Pedro, além do meu respeito e gratidão a este cidadão que continuará a nos inspirar”. Thiago Xavier, Coordenador Executivo de Planejamento Territorial da Seplan, destacou Pedro como uma figura icônica e pioneira da política territorial. “Pedro foi responsável pela construção do colegiado territorial do extremo sul. Sua atuação vai além de qualquer reconhecimento, sendo fundamental para a estruturação da governança e da política territorial na Bahia e no Brasil”, afirmou Xavier. Pedro Almeida dos Anjos, nascido em 13 de junho de 1952, começou sua trajetória como dirigente sindical, participando da fundação do Movimento Sem Terra na Bahia. Em sua primeira ocupação no Assentamento 4045 e depois no Assentamento Riacho das Ostras, dedicou-se ao processo organizativo do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da Região. Sua visão ampliou-se com a criação do Instituto Terra Viva, responsável por articular o debate sobre questões ambientais no Extremo Sul da Bahia. Conhecido pelo debate firme na defesa da agricultura familiar e do partido dos trabalhadores, Pedro foi candidato a Vice-Governador ao lado de Sérgio Gabrielle. Ele deixa um legado de respeito e admiração, comprometendo o Movimento Sem Terra a continuar a luta pela terra e pelos direitos da classe trabalhadora. Pedro dos Anjos influenciou positivamente o desenvolvimento dos territórios e do estado da Bahia. Sua perda é sentida por amigos, famílias e militantes da política, mas seu legado continuará a inspirar futuras gerações. Quebrando aqui o protocolo, expressamos nosso profundo sentimento de perda, não apenas pela figura extraordinária que dispensa apresentações, mas pelo impacto direto nas vidas daqueles que vos falam. Esta homenagem, feita por Diego de Bacural e Derny Alves, deixa estes versos para eternizar na memória de todos que tiveram o prazer de conhecer Pedro dos Anjos em vida. Soldado da Eternidade “O soldado pode até fugir à luta, Mas aquele escolhido jamais sabe a dor do abandono, Ele se forja na fornalha, transcende o natural, Cria a ruptura do tempo, tornando-se atemporal. Esta vida é para poucos, Mas suas conquistas virão para muitos, Ainda que um dia esqueçam seu nome, Jamais esquecerão seu triunfo, imortal, sublime e aclamado. Vida e luta de Pedro dos Anjos, Um nome marcado na história e no coração do povo, Nosso sincero e último adeus, A um herói eterno, que sempre será lembrado.”

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Cultura e Tradições dos Assentamentos de Reforma Agrária: Uma Riqueza de Histórias e Identidades

Os assentamentos de reforma agrária no Brasil não são apenas espaços de luta por terra e direitos, mas também um berço de manifestações culturais vibrantes, repletas de histórias, tradições e expressões artísticas que enriquecem o patrimônio cultural do país. Patrimônio Cultural Imaterial e Tradições Comunitárias Essas comunidades são verdadeiros guardiões de um rico patrimônio cultural imaterial. Festas religiosas, quermesses e celebrações coletivas se destacam como momentos de sociabilidade, união e transmissão de valores entre gerações. Essas tradições fortalecem os laços entre os moradores e mantêm vivas as raízes culturais, mesmo em meio a desafios sociais e econômicos. Histórias de Vida: Um Tesouro de Saberes Cada assentado traz consigo uma bagagem de saberes e experiências que refletem a força e a resiliência do povo do campo. São histórias de superação, resistência e construção de uma identidade coletiva que molda a cultura camponesa e a luta por um futuro mais justo. A Importância das Festas e Quermesses As festas e quermesses desempenham um papel central nas comunidades rurais. Mais do que simples celebrações, esses eventos simbolizam a união e a preservação de tradições culturais. Com danças, músicas, comidas típicas e práticas religiosas, essas festividades promovem a coesão social e reafirmam o valor da cultura popular. Arte e Cultura como Ferramentas de Luta Nos assentamentos, a arte é mais do que expressão: é resistência. Seja por meio de músicas, poesias, teatro ou artesanato, as manifestações artísticas se tornam ferramentas na luta pela reforma agrária e na afirmação da memória coletiva das comunidades. Elas ajudam a projetar suas demandas e reafirmar sua presença no cenário social e político. Festivais que Celebram a Identidade Camponesa Eventos como o Festival de Arte e Cultura das Escolas do Campo são exemplos claros do protagonismo cultural dessas comunidades. Esses festivais destacam a riqueza da cultura camponesa e celebram a identidade do povo do campo, fortalecendo o orgulho e o senso de pertencimento. Políticas Públicas e o Fortalecimento da Cultura Popular Para que essa herança cultural seja preservada e valorizada, o papel das políticas públicas é fundamental. Programas voltados à inclusão social e ao fomento da cultura local têm promovido o fortalecimento das tradições, garantindo que elas continuem a ser uma referência de resistência e riqueza cultural. Os assentamentos de reforma agrária não são apenas territórios de luta pela terra, mas também espaços onde a cultura floresce, unindo histórias, tradições e sonhos de um Brasil mais inclusivo e igualitário.

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Assentamento Riacho das Ostras: Um Legado de Luta, Produção e Resistência em Prado

O Assentamento Riacho das Ostras, localizado no município de Prado, Bahia, é um marco da história de luta pela terra no Brasil. Criado em 1987, o assentamento surgiu a partir do movimento iniciado no ano anterior, quando trabalhadores rurais, exaustos de condições de exploração, uniram-se ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Com coragem e determinação, esses homens e mulheres transformaram um sonho coletivo em realidade, formando o segundo assentamento da Bahia. Uma História de Resistência Na década de 1980, o Brasil vivia tempos difíceis para as populações rurais. Trabalhadores de fazendas e periferias buscaram no MST uma chance de mudar suas vidas. A área onde hoje está o Riacho das Ostras pertencia à empresa Sudene Brasil Olanda, dedicada à extração de madeira para exportação. Em 1987, lideranças como Valmir Assunção, Edivaldo, Pedro dos Anjos, Tosinho, Ananias, Edivaldo e Maria Soares, entre outros, organizaram a ocupação, resistindo a ataques e ameaças para assegurar o direito à terra. Em 1987, a resistência foi coroada com a criação oficial do assentamento, que passou a ser uma referência para outros movimentos rurais na Bahia. Produção e Sustentabilidade: Um Exemplo no Extremo Sul Baiano Atualmente, o Riacho das Ostras é reconhecido como um dos assentamentos mais produtivos da região. De suas terras férteis, saem produtos essenciais para abastecer municípios como Prado e Itamaraju. Entre os itens cultivados, destacam-se: Além disso, o assentamento tem grande influência da cultura capixaba, trazida por migrantes, que introduziram o cultivo de café e pimenta. Hoje, são mais de 2 milhões de pés de café e 500 mil pés de pimenta-do-reino, movimentando cerca de R$ 7 milhões anuais em vendas. Desafios e Potencial Apesar de todo o sucesso, o assentamento ainda enfrenta desafios, como a falta de apoio mais consistente do poder público. Segundo Derny, presidente do assentamento e sobrinho do deputado federal Valmir Assunção, o Riacho das Ostras poderia alcançar ainda mais com incentivos do governo municipal, estadual e federal. Ele lamenta, por exemplo, o abandono da produção de cachaça, que chegou a ser reconhecida em cidades como São Paulo, Salvador e Vitória da Conquista. Outro potencial inexplorado é o uso da antiga fábrica de cachaça para a produção de etanol comunitário, que poderia beneficiar não só o Riacho das Ostras, mas também assentamentos vizinhos como Guaíra, Cumuruxatiba e 1º de Abril. Agradecimento Em seus agradecimentos e demonstração de gratidão, Derny destacou seu carinho e respeito pelos fundadores do assentamento e ao MST. Hoje, temos a honra de contar no assentamento com dois médicos formados fora do país pelo MST, Dr. Joseiton Santos e Dr. Diego, além dos dois engenheiros agrônomos Jenderson Sousa e Joseane Soares, ambos filhos deste assentamento. Derny também expressou seus agradecimentos aos amigos capixabas por sua contribuição. Ele reforçou a importância do apoio ao setor da agricultura familiar e ao desenvolvimento agrícola, essencial para que o assentamento continue a prosperar. Legado e Futuro O Riacho das Ostras não é apenas um exemplo de resistência, mas também um polo agrícola estratégico para o município de Prado. Com sua produção diversificada e história de luta, o assentamento simboliza a força do trabalho coletivo e a importância da reforma agrária no Brasil.

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