Na quarta-feira, 18 de dezembro, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) revelou um esquema milionário de jogos de azar, que resultou na denúncia de 14 pessoas e na apreensão de uma fortuna acumulada por meio de lavagem de dinheiro. O caso, que envolve a rede de apostas “Paratodos”, expõe a complexidade e a extensão do crime organizado no estado.
O esquema que movimentou bilhões
Entre 2010 e 2020, a organização criminosa operava por meio de 23 empresas de fachada, utilizando-as para lavar cerca de R$ 5 bilhões provenientes de jogos de azar. As investigações identificaram que o grupo usava estratégias sofisticadas para inserir o dinheiro ilícito na economia formal, como:
- Blindagem patrimonial, misturando recursos lícitos e ilícitos;
- Criação de empresas, que serviam para justificar o aumento do patrimônio dos envolvidos.
Um exemplo citado no relatório do MP-BA é o de um dos principais nomes da organização, cujo patrimônio saltou de R$ 9 milhões para R$ 65 milhões em apenas nove anos.
Apreensões milionárias
A operação resultou no bloqueio de mais de R$ 160 milhões e na apreensão de bens de luxo, incluindo:
- 91 veículos, avaliados em R$ 13 milhões;
- 58 imóveis, estimados em R$ 55 milhões;
- 92,8 milhões bloqueados em contas bancárias;
- 18 aeronaves, além de lanchas, motos aquáticas e até um iate.
Esses números revelam o poder econômico acumulado pelo grupo ao longo de uma década de atividades ilícitas.
Núcleos e modernização do crime
As investigações identificaram três núcleos de operação, cada um com funções específicas dentro do esquema:
- Controle do jogo do bicho, uma prática enraizada na cultura popular.
- Exploração de máquinas caça-níqueis, com peças contrabandeadas.
- Modernização do jogo do bicho, incluindo apostas eletrônicas, o que ampliou o alcance do negócio ilegal.
A base do grupo, antes localizada no bairro da Liberdade, em Salvador, foi transferida para Pituaçu, onde contava com esquemas de segurança robustos para proteger as operações.
Os denunciados e suas fortunas
Entre os 14 nomes denunciados pelo MP-BA estão empresários e operadores do esquema, como Adilson Santana Passos, João Carlos Pinto e José Fernando de Carvalho Júnior. Os bens apreendidos revelam o luxo ostentado pelos envolvidos, que iam desde carros esportivos a imóveis milionários e embarcações de alto padrão.
Impacto e a necessidade de enfrentamento
O caso destaca a sofisticação do crime organizado e os desafios enfrentados pelas autoridades para desmantelar redes como essa. A lavagem de dinheiro não apenas financia práticas ilegais, mas também afeta a economia formal, desestabilizando o mercado e contribuindo para a desigualdade social.
A ação do MP-BA e os bloqueios realizados são um passo importante para interromper a operação do grupo, mas também servem como alerta para a necessidade de aperfeiçoar os mecanismos de combate ao crime organizado.