Deflagrada em 2024 pela Polícia Federal, a Operação Overclean expôs um grande esquema de corrupção, envolvendo fraudes em contratos públicos, desvios de recursos, financiamento ilícito de campanhas eleitorais e enriquecimento ilícito. O caso dominou as manchetes políticas da Bahia, com apreensões milionárias e a prisão de figuras-chave, incluindo o ex-coordenador do DNOCS, Lucas Lobão.
Eventos passados, entretanto, levantam suspeitas que merecem investigação mais profunda. Um dos episódios de maior destaque é a distribuição de caixas d’água em 2020, em um período em que Itamaraju enfrentava excessos de chuvas, e não a seca. A alegação de que essas distribuições teriam sido utilizadas como uma estratégia de compra de votos resultou em uma investigação eleitoral.
Já em 2021, Lobão, então coordenador do DNOCS, entregou uma ordem de serviço ao prefeito Marcelo Angênica para a construção de estradas e melhorias na infraestrutura local. Esse contrato agora está sob questionamento, com suspeitas de vínculos entre as empresas envolvidas e os esquemas investigados.
Mais recentemente, no dia 19 de dezembro de 2024, a Polícia Federal deflagrou uma operação em Itamaraju, com mandados de busca e apreensão que envolvem o atual prefeito eleito, Jorge Almeida (PSDB), e secretários municipais, com o foco na suspeita de compra de votos nas eleições municipais deste ano.
Possíveis Conexões e Especulações
A investigação da Operação Overclean tem revelado uma série de esquemas fraudulentos, incluindo a utilização de empresas de fachada para desviar recursos, movimentação de grandes quantias de dinheiro, e práticas de lavagem de dinheiro por meio de bens de luxo. Esses desvios de recursos podem estar conectados a contratos do DNOCS, como os projetos de infraestrutura que envolveram a entrega de recursos e ordens de serviço à Prefeitura de Itamaraju.
Embora o envolvimento direto da Prefeitura de Itamaraju na operação ainda não tenha sido comprovado, a ordem de serviço de 2021, entregues por Lobão ao prefeito, é um ponto crucial para análise. Se vinculada a contratos suspeitos ou a empresas investigadas pela operação, isso poderia sugerir um vínculo indireto com as irregularidades que estão sendo apuradas.
A situação fica ainda mais nebulosa com o histórico de suspeitas envolvendo a “Máfia das Caixas d’Água”. A investigação sobre o sobrepreço de licitações no DNOCS, no valor de quase R$ 192 milhões, pode estar diretamente relacionada ao esquema de corrupção no qual o ex-coordenador do DNOCS esteve envolvido. A distribuição dessas caixas d’água em Itamaraju, em 2020, ainda é uma das evidências que a justiça eleitoral está analisando para determinar se houve compra de votos durante o período eleitoral.
O Futuro da Operação e Possíveis Consequências
As investigações estão longe de terminar e, enquanto não surgem provas definitivas, os desdobramentos da Operação Overclean seguem gerando especulações e levantando questões sobre a legalidade das ações de figuras políticas na Bahia. O caso de Itamaraju, especialmente, continua sendo monitorado, com o risco de novos elementos surgirem que possam aprofundar o envolvimento do município na operação.
Com o andamento das investigações e a expectativa de mais desdobramentos, é essencial acompanhar as próximas etapas da Operação Overclean, pois ela pode trazer novas revelações sobre o uso ilícito de recursos públicos, o financiamento de campanhas e as manipulações eleitorais em diversas cidades da Bahia.